17 julho, 2012

Aprovado o 1º Estudo Observacional sobre o uso de Ibogaína no tratamento da dependência química

Este projeto visa elaborar um estudo científico sobre um tratamento realizado com drogadictos recentemente no Brasil, através do uso do poderoso ecodélico Ibogaína (a substância pura, sintetizada num laboratório canadense, e não o extrato, que contém outras moléculas e pode ser considerado “impuro” e potencialmente perigoso) combinado com psicoterapia. Mais de cem pacientes foram tratados por um médico certificado e autorizado, em parceria com uma psicóloga. A Ibogaína é um alcalóide encontrado em plantas da floresta equatorial da África ocidental. Ela tem sido usada nas tradições medicinais e religiosas da região por séculos e foi purificada pela primeira vez por químicos franceses no início do século passado (Fernandez 1982 and Goutarel et al. 1993). Os efeitos anti-viciantes da Ibogaína foram descobertos serendiptuosamente por um grupo de jovens usuários de drogas que experimentavam com uma variedade de substâncias psicoativas no início dos anos 60. Sete destes usuários eram viciados em heroína, e faziam uso simultâneo de cocaína e anfetaminas. Nenhum destes depedentes químicos tinha intenção de interromper seu uso de drogas e a Ibogaína foi utilizada por eles com a intenção de se ter mais um “barato”. Ainda assim, uma única administração do alcalóide eliminou sinais de abstinência em todos os sete dependentes de heroína e interrompeu o desejo de se continuar fazendo uso da droga em cinco deles por aproximadamente seis meses após a experiência. Nos anos 80, o interesse nos efeitos anti-viciantes da Ibogaína foi reforçado por Howard S. Lotsof e Norma E. Alexander, precipitando uma série de experimentos clínicos ao longo dos anos 80 e 90 para se avaliar os efeitos experimentados pelos sete adictos dos anos 60 (dos quais Lotsof fazia parte). Com base na rápida e dramática resposta do uso deste ecodélico na eliminação da crise de abstinência e do comportamento obssessivo do usuário (“fissura”), ao mesmo tempo em que denota a psicopatologia do paciente ao dar início a um processo de catarse (Lotsof et al. 1996); e, aliado ainda ao fato de que a terapia com Ibogaína é mais facilmente aceita pelos usuários de drogas, existe um panorama otimista para uma redução significativa no uso de drogas pesadas se a Ibogaína estiver disponível como uma modalidade de tratamento. No Brasil, comprimidos farmacêuticos com Ibogaína purificada estão sendo usados no tratamento de dependentes, que são acompanhados por psicoterapeutas antes e após a sessão farmacológica conduzida por médico certificado em hospital autorizado. Os resultados preliminares de cerca de 200 sessões de ibogaína com mais de 100 pacientes são animadores e demasiadamente promissores para a condição de milhares de pessoas no país. Este projeto está sendo realizado em colaboração com o médico responsável pelo tratamento farmacológico de dependentes (a maioria dos quais de crack) com ibogaína acompanhado de psicoterapia. Será feita cuidadosa análise estatística dos resultados disponíveis até o momento, bem como realização de entrevistas semi-estruturadas com cerca de 30 dos mais de 100 pacientes atendidos, por uma psicóloga especialista na área. Ainda assim, é importante ressaltar os riscos de uma abordagem unidirecional que se apoie na medicação apenas. Avaliação preliminar dos dados, bem como a experiência dos terapeutas envolvidos aponta numa direção clara: o apoio familiar e o desejo verdadeiro, profundo e voluntário do paciente de se tratar são cruciais para que um resultado positivo e duradouro seja alcançado. Projeto aprovado no Comitê de Ética da UNIFESP de acordo com o parecer 51434. Os resultados deste trabalho podem abrir as portas para que este tratamento seja extendido a outros pacientes, e para guiar uma política e tratamento de dependência de drogas mais eficientes. No entanto, a academia em geral ainda mantém uma posição de ceticismo quanto à eficácia deste tratamento devido à falta de estudos científicos a este respeito. É por isso que este projeto é tão importante. Fonte : Plantando Consciência

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