Bem, muitas perguntas são dirigidas ao blog, sobre a necessidade ou não da abstinência prévia de 30 dias antes da aplicação. A maioria das clínicas que existem por aí não pedem essa abstinência, e usam até essa conduta como estratégia comercial, tipo, "aqui você pode tomar ibogaína na hora, não precisa esperar". O fato é que isso demonstra desconhecimento do assunto. Fizemos essa pergunta ao Dr. Bruno Rasmussen, (brunodrc@terra.com.br) médico, um dos autores do trabalho sobre ibogaína publicado pela UNIFESP, e ele explicou o seguinte:
"O período de 10 a 15 dias após a parada de uso de cocaína ou crack, é um período onde o coração da pessoa usuária está se adaptando ao não-uso, ou à abstinência. Por isso, ele bate mais devagar do que o normal nessa fase. Isso está bem estudado cientificamente, e essa situação é chamada de alargamento do intervalo QT.
O que ocorre é que durante o efeito da ibogaína esse fenômeno também ocorre, o alargamento do intervalo QT, o que leva também a uma certa bradicardia (coração batendo mais devagar).
Se você aplicar ibogaína, que alarga o intervalo QT, nessa fase, onde ele já está alargado, pode desencadear uma bradicardia importante, significativa, que por sua vez pode desencadear outras arritmias e até risco de morte.
Então, a aplicação de ibogaína antes de 30 dias de abstinência é formalmente contra-indicada do ponto de vista médico, por questões de segurança."
Assim sendo, atenção, se o local onde você pretende se tratar não demonstrar conhecimento dessa situação ou banaliza-la, fuja. Eles simplesmente não sabem o que estão fazendo.
Um outro detalhe importante, é que nessa fase também a ibogaína faz menos efeito e a abstinência após o tratamento não dura muito. Se você conhece alguém que tomou ibogaína e não teve um bom resultado, pergunte se essa pessoa ficou abstinente por 30 dias... a maioria das vezes não, esse é o principal motivo de insucesso neste tipo de tratamento.