A Ibogaína não é alucinógena, é onirofrênica, (Naranjo, 1974; Goutarel, Gollnhofer, and Sillans 1993), ou talvez seja melhor dizer, remogênica. Isso significa que ela estimula a mente de maneira a fazer com que o cérebro sonhe, (o chamado sono REM), mesmo com a pessoa consciente. Ocorre um estado de “sonhar acordado”, sem perda de consciência, sem mudança na percepção do meio ambiente e sem ilusões, e também sem perda da forma do pensamento nem despersonalização.
Do ponto de vista da neurofarmacologia, a substância não se liga ao receptor 5HT 2a, receptor este que é o alvo "padrão" dos alucinógenos.
Isso pode ser comprovado, alem de clinicamente, pela realização de um eletroencefalograma (EEG) após ser ministrada a substância, exame esse que vai mostrar o traçado típico do sono REM, e não padrões de alucinações.
Como podemos ver nas imagens abaixo, existe uma diferença muito grande entre os traçados eletroencefalográficos obtidos durante o sono REM e durante episódios alucinatórios, (Gutarel ET al, 1993; Lotsof and Alexander, 2001; Alper, 2001).
Fonte desta imagem : Unifesp
O traçado da Ibogaína é muito semelhante ao do sono com sonhos (REM)
Já o traçado de alucinações é bem diferente:
Fonte desta imagem: answers.com
Alem disso, clássicamente, os alucinógenos manisfestam seus efeitos com os olhos abertos, enquanto a ibogaína apenas com os olhos fechados, o que corrobora a afirmação de que a ibogaína não é alucinógena, diferentemente do LSD, por exemplo.
Esse sonho "induzido", segundo o Dr. Carl Anderson, do MacLean Hospital, filiado à Universidade de Harvard, seria responsável pelo efeito anti-dependência da ibogaína, devolvendo a essas pessoas com danos psíquicos o poder curativo de seu sono e de seus sonhos. Ainda segundo este autor, existe uma similaridade muito grande entre o "sonhar acordado" da ibogaína com o sonho fetal.
Como o sonho é o responsável pela organização das idéias, dos pensamentos, fixação de memórias e outros mecanismos de organização mental, é fácil entender que o "sonhar intensivo" da ibogaína tenha um efeito restaurador cerebral.
São muito importantes essas informações, visto que um dos principais motivos pelos quais pessoas desinformadas tem restrições à ibogaína, é esta falsa crença que a substância seria alucinógena...mesmo que fosse, isso não seria motivo para não ser usada em situações clínicas; apenas a guisa de exemplo, o Dramin em altas doses e a ciclobenzaprina (Miosan) em doses terapêuticas, são alucinógenos, fato inclusive referido na bula deste último medicamento.
Atualizado em 07/07/11
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