Hoje gostaria de comentar sobre o assunto toxicidade da ibogaína. Sempre que se fala nesse assunto, surgem comentários sobre um trabalho realizado em 1993, em camundongos, utilizando-se 100 mg/kg de ibogaína, administradas intraperitonealmente (injeção no abdomen). Essa dose causou degeneração das células de Purkinje (células contidas no cerebelo) e esses resultados preocuparam os pesquisadores envolvidos.
Novos trabalhos sobre o assunto concluiram que haviam dados a serem considerados antes de se tirarem conclusões precipitadas:
- a dose utilizada era mais de 6 x maior que a dose habitualmente utilizada para tratamentos, que normalmente é de 15 mg/kg;
- a via de administração intraperitoneal aumenta a absorção, facilitando a toxicidade, ao contrário da via oral, habitualmente utilizada;
-aparentemente existia uma sensibilidade específica dessa raça de camundongos, visto que estes resultados nunca mais foram reproduzidos em outros animais
Segundo o trabalho abaixo, a mortalidade de camundongos aos quais foram administrados 100 mg/kg de ibogaína via oral foi ZERO
Acute toxicity of ibogaine and noribogaine.
Kubiliene A, Marksiene R, Kazlauskas S, Sadauskiene I, Razukas A, Ivanov L.
Department of Analytical and Toxicological Chemistry, Kaunas University of Medicine, A. Mickeviciaus 9, 44307 Kaunas, Lithuania. astakubiliene@gmail.com
Assim sendo, uma equipe da Universidade de Miami resolver realizar outra pesquisa para esclerecer melhor os fatos, utilizando-se de chipanzés, visto esses serem mais comparáveis a humanos,e as conclusões estão baixo:
Medication Development of Ibogaine as a Pharmacotherapy for Drug Dependence,Deborah C. Mash, Craid A. Kovera, Billy E. Buck, Michael D. Norenberg, Paul Shapshak W. Lee Hearn and Juan Sanchez-Ramos, (1998) Ann. NY AScad Sci, 844:274-291.
"Estudos toxicológicos conduzidos em primatas demosntraram que que a administração oral de ibogaína, em doses 5 vezes maiores (5 x 25mg) que as doses máximas recomendadas para o tratamento da dependência à cocaína e heroína parecem ser seguras e livres de alterações comportamentais e toxicidade cerebelar."
No mesmo trabalho os autores discutem a autópsia de um paciente falecido por causas naturais, que havia préviamente sido tratado com ibogaína por 4 vezes, com doses variando de 10 a 29 mg/kg.
“Não haviam mudanças degenerativas no cerebelo; as células de Purkinge estava normais e não havia evidência de citopatologia ou degeneração neuronal em qualquer outra área do cérebro."
A conclusão que se chega, lendo este trabalho e outros semelhantes, então é que realmente a ibogaína, nas doses recomendadas, em humanos, e utilizada pela via de administração oral, é segura e desprovida de efeitos colaterais a longo prazo. Isso coincide com observações realizadas desde o início do século passado na África, onde ocorre o consumo desta substância desde a pré-história, sem relatos de complicações ou sequelas entre os nativos, sendo que em algumas situações a ibogaína é administrada até para bebês, sem problemas
Independentemente dessas conclusões, continua sendo indicada a administração de ibogaína apenas em ambientes controlados, com acompanhamento profissional e com acesso a recursos médicos.
"Liberdade com responsabilidade"
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