Um grupo de notáveis apresentou terça-feira (25) em Genebra uma iniciativa conhecida como Comissão Global de Política de Drogas.
Ao invés da estratégia habitual baseada na repressão, esses políticos e intelectuais propõem eliminar as penas para a possessão de certas substâncias narcóticas.
O prestigioso Hotel da Paz às margens do lago Léman, em Genebra, foi o cenário da apresentação aos meios de comunicação de uma iniciativa realista e inabitual. Trata-se da Comissão Global de Política de Drogas, cujo objetivo é apoiar no mundo inteiro políticas eficazes e humanas de redução da pobreza, mas também provocar um grande debate público das atuais políticas de luta contra a droga.
A Comissão parte do principio de que “a guerra conta as drogas está perdida de antemão” e que as políticas repressivas praticadas em países como os Estados Unidos não serviram para quase nada. É assim que esse novo órgão, composto de personalidades de renome mundial, foi lançado em Genebra.
Influentes latinos unidos
A iniciativa apresentada na Suíça é uma extensão global de um projeto regional similar que surgiu na América Latina através dos ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso (Brasil), Cesar Gaviria (Colômbia) e Ernesto Zedillo (México).
A eles se juntaram personalidades como o Premio Nobel de Literatura Mario Vargas Lhosa, o espanhol Javier Solana e o escritor mexicano Carlos Fuentes. Entre outras personalidades destacam-se a ex-ministra da Suíça Ruth Dreifuss e o magnata britânico Richard Branson, dono da companhia aérea Virgin.
Algumas das perguntas a que este seleto clube tentará responder, estão, por exemplo: Quais são os riscos e vantagens de descriminalizar a posse de maconha para consumo próprio? Quais são as alternativas para a falida guerra contra a droga?
Para encontrar resposta a essas questões difíceis, a comissão pretende “colocar na arena internacional uma discussão baseada em evidências científicas que leve em conta os direitos humanos.” Segundo observam, em numerosos países as consequências associadas à erradicação do cultivo, a violência sistêmica e a corrupção endêmica ligada ao dinheiro da droga “supera em muito os problemas do próprio consumo.”
Conforme a comissão, a atual polarização entre partidários da mão firme e da tolerância “bloqueia o debate.” Em muitos países, as políticas repressivas prevalecem sobre as políticas baseadas em princípios científicos e sociais. Porém, há exceções.
O exemplo suíço
Em uma carta aberta apresentada terça-feira e publicada por jornais suíços, o ex-presidente brasileiro Fernando Henrique Cardoso e Michael Kazatchkine, diretor executivo do Fundo Mundial de Luta Contra a Aids, dão uma resposta possível às perguntas formuladas acima.
Na opinião deles, o exemplo a ser seguido passa pelo “modelo suíço” O político brasileiro lembra os conturbados anos 1980, quando o consumo de heroína por via intravenosa fez estragos entre viciados em Genebra e Zurique.
Ao invés de criminalizar o doente, a Suíça optou por uma política revolucionária baseada em distribuir drogas, com estrito controle médico, aos toxicômanos de há muto tempo. Segundo Fernando Henrique, enquanto em países como Rússia e Estados Unidos os infectados pelo HIV aumentaram exponencialmente, a situação na Suíça foi mantida sob controle.
De fato, do lado oposto da balança está o exemplo norte-americano. Os Estados Unidos optaram pela repressão policial em larga escala, aumentando também exponencialmente o número de prisões e de prisioneiros.
Mas se os Estados Unidos têm a maior quantidade de presos por tráfico e consumo de drogas, um “numero desproporcional entre eles são latinoamericanos e afroamericanos.
Nas palavras do ex-presidente brasileiro, “essa ofensiva permitiu aos cartéis da droga obter mais lucros do que nunca e já controlam populações inteiras na América Latina.”
Para concluir, Fernando Henrique afirmou: "Exemplos como da Suíça ou Portugal demonstraram que existem melhores soluções (ao problema da droga) do que a repressão”. Soluções que passam pelo pragmatismo helvético, somadas à compaixão e ao respeito dos direitos humanos.
Comissão Global de Política de Drogas
Objetivos:
- Estudar os riscos e benefícios da descriminalização do consumo pessoal de maconha.
- Analisar os perigos de uma possível separação entre narcotráfico em grande escala e comércio de drogas local.
- Buscar alternativas ao modelo fallido de “guerra total às drogas”
Membros:
Fernando Henrique Cardoso: ex-presidente do Brasil;
César Gaviria: ex-presidente da Colômbia;
Ernesto Zedillo: ex-presidente do México;
Ruth Dreifuss: ex-presidente da Suíça e ministra da Saúde;
Mario Vargas Llosa: escritor peruano-espanhol e Prêmio Nobel de Literatura 2010;
Carlos Fuentes: escritor e intelectual mexicano;
Sir Richard Branson: magnata britânico, fundador da Virgin;
Javier Solana: político espanhol, antigo Alto Representante para Política Exterior e Segurança Comum da União Europeia (UE).
Modelo suíço
A política de droga foi objeto de votação em várias ocasiões.
No final dos anos 1990, os suíços votaram contra uma iniciativa que pedia maior repressão em matéria de drogas para defender-se desse flagelo da juventude. Também votaram contra outra iniciativa que pretendía a descriminalização do consumo.
Em 1999, os eleitores aprovaram nas urnas um decreto federal que atribuía aos médicos a prescrição controlada de heroína.
Há 20 anos a Suíça aplica uma política baseada em quatro vertentes: prevenção, terapia, redução de riscos e repressão.
En 2008, os suíços aceitaram nas urnas que estes quatro pilares fossem inscritos na Lei de Entorpecentes.
Rodrigo Carrizo Couto, swissinfo.ch, Genebra
Adaptação: Claudinê Gonçalves
28 janeiro, 2011
20 janeiro, 2011
A seleção movida a álcool
Fonte: Observatório da Imprensa
Artigo escrito Por Carlos Salgado - Psiquiatra, presidente da Associação Brasileira de Estudos do Álcool e Outras Drogas (Abead).
O técnico é novo, mas a história é velha conhecida. Mais uma vez assistimos a uma figura da seleção brasileira de futebol ceder sua imagem para a publicidade de bebidas alcoólicas e contribuir para reforçar um conceito cultural distorcido, mas bastante difundido no país, que associa o futebol à cerveja. Nossos técnicos e jogadores de futebol precisam entender que a publicidade é um importante incentivo para o consumo do álcool. E os jovens, apaixonados por futebol e que têm nos gramados ídolos capazes de influenciar comportamentos, são o maior alvo desse tipo de propaganda.
A relação entre os adolescentes e consumo de bebidas alcoólicas no Brasil é alarmante. Os garotos e garotas entre 14 e 17 anos são responsáveis por 6% de todo o consumo anual de álcool no país, ainda que, reza a lei, sejam proibidos de comprá-lo, o que prova nossa fragilidade em cumprir a legislação e deflagra os perigos da experimentação, que acontece cada vez mais cedo.
Essa vulnerabilidade abre caminho para que a publicidade potencialize o consumo desse grupo e nos leva a uma triste perspectiva. Se 90% dos jovens começam com o álcool antes dos 18 anos, o risco de a sociedade deparar com adultos dependentes de bebidas alcoólicas é diretamente proporcional.
Também a embriaguez, o chamado "porre", pode, para muitos, parecer apenas brincadeira da garotada, mas evidencia o sintoma de uma conduta social que inconscientemente aprova o consumo de álcool. Essas crises de ingestão, em muitos casos, estão relacionadas com violência, sexo desprotegido, acidentes e maior risco de dano cerebral, além do evidente risco da fixação do hábito.
Impacto negativo
Esse é um grupo intricado, mas no qual as empresas avistam um "mercado" potencial e, sem as devidas e há muito esperadas medidas restritivas, no qual seguem com maciço investimento. Um estudo recente que analisou 420 horas de programação televisiva, por exemplo, identificou que a maioria das propagandas de bebidas alcoólicas acontece durante programas esportivos, com ao menos 10% de audiência de adolescentes. Não houve nenhum programa esportivo que não tivesse bebidas alcoólicas entre os anúncios.
O risco social é iminente, pois sabemos também que o álcool é apenas a porta de entrada para outras drogas, principalmente as chamadas "drogas leves", como a maconha. Portanto, prevenção para o consumo de drogas é fundamental, mas cairá no vazio se não houver medidas restritivas à publicidade de bebidas alcoólicas.
É necessário combater a ideia de que o futebol é um espetáculo movido a cerveja e que beber é o "esporte" dos jovens. Pelo contrário, a droga amplifica as rivalidades e a tensão entre torcedores apaixonados e em natural oposição, infelizmente facilitando a agressividade. O impacto negativo para a sociedade e para a saúde pública é evidente e lamento que figuras admiradas sejam protagonistas de histórias que não nos dão nenhum selo de qualidade.
Artigo escrito Por Carlos Salgado - Psiquiatra, presidente da Associação Brasileira de Estudos do Álcool e Outras Drogas (Abead).
O técnico é novo, mas a história é velha conhecida. Mais uma vez assistimos a uma figura da seleção brasileira de futebol ceder sua imagem para a publicidade de bebidas alcoólicas e contribuir para reforçar um conceito cultural distorcido, mas bastante difundido no país, que associa o futebol à cerveja. Nossos técnicos e jogadores de futebol precisam entender que a publicidade é um importante incentivo para o consumo do álcool. E os jovens, apaixonados por futebol e que têm nos gramados ídolos capazes de influenciar comportamentos, são o maior alvo desse tipo de propaganda.
A relação entre os adolescentes e consumo de bebidas alcoólicas no Brasil é alarmante. Os garotos e garotas entre 14 e 17 anos são responsáveis por 6% de todo o consumo anual de álcool no país, ainda que, reza a lei, sejam proibidos de comprá-lo, o que prova nossa fragilidade em cumprir a legislação e deflagra os perigos da experimentação, que acontece cada vez mais cedo.
Essa vulnerabilidade abre caminho para que a publicidade potencialize o consumo desse grupo e nos leva a uma triste perspectiva. Se 90% dos jovens começam com o álcool antes dos 18 anos, o risco de a sociedade deparar com adultos dependentes de bebidas alcoólicas é diretamente proporcional.
Também a embriaguez, o chamado "porre", pode, para muitos, parecer apenas brincadeira da garotada, mas evidencia o sintoma de uma conduta social que inconscientemente aprova o consumo de álcool. Essas crises de ingestão, em muitos casos, estão relacionadas com violência, sexo desprotegido, acidentes e maior risco de dano cerebral, além do evidente risco da fixação do hábito.
Impacto negativo
Esse é um grupo intricado, mas no qual as empresas avistam um "mercado" potencial e, sem as devidas e há muito esperadas medidas restritivas, no qual seguem com maciço investimento. Um estudo recente que analisou 420 horas de programação televisiva, por exemplo, identificou que a maioria das propagandas de bebidas alcoólicas acontece durante programas esportivos, com ao menos 10% de audiência de adolescentes. Não houve nenhum programa esportivo que não tivesse bebidas alcoólicas entre os anúncios.
O risco social é iminente, pois sabemos também que o álcool é apenas a porta de entrada para outras drogas, principalmente as chamadas "drogas leves", como a maconha. Portanto, prevenção para o consumo de drogas é fundamental, mas cairá no vazio se não houver medidas restritivas à publicidade de bebidas alcoólicas.
É necessário combater a ideia de que o futebol é um espetáculo movido a cerveja e que beber é o "esporte" dos jovens. Pelo contrário, a droga amplifica as rivalidades e a tensão entre torcedores apaixonados e em natural oposição, infelizmente facilitando a agressividade. O impacto negativo para a sociedade e para a saúde pública é evidente e lamento que figuras admiradas sejam protagonistas de histórias que não nos dão nenhum selo de qualidade.
19 janeiro, 2011
Procura-se um projeto melhor para lidar com as drogas
Fonte: Folha de Boa Vista
Sociedades no mundo todo estão sofrendo pesados efeitos do abuso de substâncias psicotrópicas, popularmente conhecidas como drogas.
Os efeitos perversos dessa pandemia global afetam diversos setores da sociedade, principalmente a saúde.
É importante não perder de vista: o abuso de drogas é eminentemente uma questão de saúde pública. Drogas lícitas e ilícitas - desavisadas da classificação jurídica que transforma algumas em assunto de polícia e inclui outras na normalidade da lei - afetam de diversas formas a saúde dos seus usuários.
O abuso pode levar a diversos tipos de doenças físicas e psíquicas, desde o câncer de pulmão até as psicoses. As consequências econômicas são diretas, quando as famílias reduzem sua capacidade de consumo e poupança ao desviarem parte de suas rendas para drogas e quando o governo direciona recursos para o tratamento do tabagismo, alcoolismo, drogadição e doenças decorrentes; e indiretas quando a força de trabalho perde dinamismo e iniciativa. Como já disse Freud, em Mal estar na civilização, ao se comprazer na felicidade química, o usuário de drogas arrisca perder um tempo precioso, que, bem usado, permitiria alcançar objetivos em prol de uma felicidade sustentável no longo prazo. As consequências mais trágicas, todavia, são psicossociais, na tristeza das famílias, na marginalização estúpida dos usuários, na violência.
Convém insistir, o presente artigo não é um alerta para uma "batalha contra as drogas" que supostamente estamos "perdendo". Tratar o uso de drogas apenas como um assunto de segurança pública é mais um sintoma do problema. Sua solução exige uma perspectiva menos simplista, menos maniqueísta. Para reverter esse quadro dramático - uma batalha contra as contradições sociais que levam algumas pessoas a abusarem das drogas - faz-se urgente um debate amplo, franco e criterioso.
Amplo, porque é preciso envolver todos os setores da sociedade, desde os usuários e profissionais no assunto, passando pelos políticos, a polícia, os professores, até as mães de família. Todos são em parte culpados e em parte vítimas e, por isso, devem abandonar preconceitos, buscar conhecer com objetividade quais são os efeitos das drogas, quais são os motivos que levam pessoas de todas as idades e classes sociais a se envolverem com elas, até, por fim - após obter-se um diagnóstico melhor do que o atual - propor medidas para combater esse problema.
Franco, porque é preciso deixar de lado o orgulho e a hipocrisia e admitir que o abuso de entorpecentes não é uma consequência da fraqueza moral de determinados indivíduos mal-adaptados ou mal-socializados, mas sim um sintoma da doença social que acomete o mundo contemporâneo. Não é um privilégio de capitalistas ou proletários, religiosos ou agnósticos, brancos ou índios. Existem forças sociais (isto é, forças cuja origem está em estruturas sociais independentes dos indivíduos, como ensinou Durkheim) que afetam algumas pessoas mais suscetíveis. Essa suscetibilidade pode ocorrer por diversos fatores. Essas forças sociais e esses fatores de suscetibilidade devem ser bem entendidos, com objetividade, sem falso moralismo. Também no quesito franqueza, é preciso lembrar que não só as drogas proibidas causam danos: cigarro, álcool e muitos medicamentos provocam dependência química severa, com causas e efeitos muito semelhantes aos relacionados com as drogas proibidas.
Criterioso, porque, para combater seus abusos, é preciso conhecer sobre drogas. É preciso saber que não há mortes causadas por maconha, que a cocaína pode levar à morte por overdose, que a heroína e o crack viciam e matam às vezes em meses e que o cigarro é uma das maiores causas de morte no mundo todo; saber que o risco de tornar-se um dependente de maconha é inferior ao risco de tornar-se dependente de cigarro ou cocaína que, por sua vez, é inferior ao risco de tornar-se dependente de heroína ou crack; saber que a crise de abstinência da nicotina contida no cigarro é comparável àquela provocada pela cocaína, ainda que menor em intensidade; que a maconha não gera sintomas de abstinência química, mas vicia por dependência psicossocial; saber que o uso moderado de álcool, tabaco e maconha pode prestar-se a fins recreativos, não associado ao aumento da criminalidade, ainda que inevitavelmente provoque diversos males à saúde. Essas e outras ideias devem ser testadas cientificamente e seus resultados devem ser divulgados.
À guisa de conclusão: as sociedades no mundo todo estão atônitas diante do abuso de drogas. Ao mesmo tempo, a própria expressão "drogas", genérica demais, é insuficiente para dar conta de um debate público que deve ir às minúcias, tratar cada caso com suas peculiaridades, envolvendo profissionais das áreas da saúde e das ciências sociais. Franqueza e profissionalismo são qualidades importantes para que se pense um projeto melhor para lidar com as drogas, e são requisitos essenciais para tratar com dignidade e respeito a pessoa dos usuários e suas famílias.
João Nackle Urt - Advogado E mestre em Relações Internacionais pela UnB e professor da UFRR
Meu comentário: bom, a ibogaína já está aí há quase 40 anos, mas ninguem se interessa... seria um passo para a solução.
Sociedades no mundo todo estão sofrendo pesados efeitos do abuso de substâncias psicotrópicas, popularmente conhecidas como drogas.
Os efeitos perversos dessa pandemia global afetam diversos setores da sociedade, principalmente a saúde.
É importante não perder de vista: o abuso de drogas é eminentemente uma questão de saúde pública. Drogas lícitas e ilícitas - desavisadas da classificação jurídica que transforma algumas em assunto de polícia e inclui outras na normalidade da lei - afetam de diversas formas a saúde dos seus usuários.
O abuso pode levar a diversos tipos de doenças físicas e psíquicas, desde o câncer de pulmão até as psicoses. As consequências econômicas são diretas, quando as famílias reduzem sua capacidade de consumo e poupança ao desviarem parte de suas rendas para drogas e quando o governo direciona recursos para o tratamento do tabagismo, alcoolismo, drogadição e doenças decorrentes; e indiretas quando a força de trabalho perde dinamismo e iniciativa. Como já disse Freud, em Mal estar na civilização, ao se comprazer na felicidade química, o usuário de drogas arrisca perder um tempo precioso, que, bem usado, permitiria alcançar objetivos em prol de uma felicidade sustentável no longo prazo. As consequências mais trágicas, todavia, são psicossociais, na tristeza das famílias, na marginalização estúpida dos usuários, na violência.
Convém insistir, o presente artigo não é um alerta para uma "batalha contra as drogas" que supostamente estamos "perdendo". Tratar o uso de drogas apenas como um assunto de segurança pública é mais um sintoma do problema. Sua solução exige uma perspectiva menos simplista, menos maniqueísta. Para reverter esse quadro dramático - uma batalha contra as contradições sociais que levam algumas pessoas a abusarem das drogas - faz-se urgente um debate amplo, franco e criterioso.
Amplo, porque é preciso envolver todos os setores da sociedade, desde os usuários e profissionais no assunto, passando pelos políticos, a polícia, os professores, até as mães de família. Todos são em parte culpados e em parte vítimas e, por isso, devem abandonar preconceitos, buscar conhecer com objetividade quais são os efeitos das drogas, quais são os motivos que levam pessoas de todas as idades e classes sociais a se envolverem com elas, até, por fim - após obter-se um diagnóstico melhor do que o atual - propor medidas para combater esse problema.
Franco, porque é preciso deixar de lado o orgulho e a hipocrisia e admitir que o abuso de entorpecentes não é uma consequência da fraqueza moral de determinados indivíduos mal-adaptados ou mal-socializados, mas sim um sintoma da doença social que acomete o mundo contemporâneo. Não é um privilégio de capitalistas ou proletários, religiosos ou agnósticos, brancos ou índios. Existem forças sociais (isto é, forças cuja origem está em estruturas sociais independentes dos indivíduos, como ensinou Durkheim) que afetam algumas pessoas mais suscetíveis. Essa suscetibilidade pode ocorrer por diversos fatores. Essas forças sociais e esses fatores de suscetibilidade devem ser bem entendidos, com objetividade, sem falso moralismo. Também no quesito franqueza, é preciso lembrar que não só as drogas proibidas causam danos: cigarro, álcool e muitos medicamentos provocam dependência química severa, com causas e efeitos muito semelhantes aos relacionados com as drogas proibidas.
Criterioso, porque, para combater seus abusos, é preciso conhecer sobre drogas. É preciso saber que não há mortes causadas por maconha, que a cocaína pode levar à morte por overdose, que a heroína e o crack viciam e matam às vezes em meses e que o cigarro é uma das maiores causas de morte no mundo todo; saber que o risco de tornar-se um dependente de maconha é inferior ao risco de tornar-se dependente de cigarro ou cocaína que, por sua vez, é inferior ao risco de tornar-se dependente de heroína ou crack; saber que a crise de abstinência da nicotina contida no cigarro é comparável àquela provocada pela cocaína, ainda que menor em intensidade; que a maconha não gera sintomas de abstinência química, mas vicia por dependência psicossocial; saber que o uso moderado de álcool, tabaco e maconha pode prestar-se a fins recreativos, não associado ao aumento da criminalidade, ainda que inevitavelmente provoque diversos males à saúde. Essas e outras ideias devem ser testadas cientificamente e seus resultados devem ser divulgados.
À guisa de conclusão: as sociedades no mundo todo estão atônitas diante do abuso de drogas. Ao mesmo tempo, a própria expressão "drogas", genérica demais, é insuficiente para dar conta de um debate público que deve ir às minúcias, tratar cada caso com suas peculiaridades, envolvendo profissionais das áreas da saúde e das ciências sociais. Franqueza e profissionalismo são qualidades importantes para que se pense um projeto melhor para lidar com as drogas, e são requisitos essenciais para tratar com dignidade e respeito a pessoa dos usuários e suas famílias.
João Nackle Urt - Advogado E mestre em Relações Internacionais pela UnB e professor da UFRR
Meu comentário: bom, a ibogaína já está aí há quase 40 anos, mas ninguem se interessa... seria um passo para a solução.
08 janeiro, 2011
Períodos Críticos de Fissura
Durante o processo de recuperação, o Dependente Químico têm fases críticas de fissura, o que leva a redobrar seus cuidados, buscando conter-se, ficando mais aos cuidados da família e de um profissional habilitado.
FASE I – 7 dias de abstinência
Iniciam-se os sintomas desagradáveis da desintoxicação física, podendo causar:
- Irritabilidade
- Confusão mental
- Agitação
- Sonhos
FASE II – 14 dias de abstinência
As reações da dexintoxicação psíquica causam excesso de confiança com sintomas de:
- Desejo de arriscar-se
- Querer encontrar-se com os amigos da ativa
- Frequentar os mesmo lugares de uso de drogas
- Querer fazer o tratamento sozinho, sem ajuda profissional.
FASE III – 21 dias de abstinência
A falta da droga produz crises depressivas e saudades dos momentos de uso com lembrança de prazer:
- Do efeito da droga
- Dos momentos com pessoas
- Lugares onde se usava drogas
- Da rotina do uso.
FASE IV – 36 dias de abstinência
É a fase em que o dependente começa a testar seus limites, podendo muitas vezes ocasionar:
- Lapsos.
- Comportamentos semelhantes aos da ativa, que na maioria das vezes levam o dependente químico a retornar o uso.
FASE V – 60 dias de abstinência
- O dependente quimíco começa a ter rotina. Isso é interpretado como monotonia e que seus esforços não estão sendo reconhecidos, provocando uma sensação desagradável e pensamentos que nada mudou.
- É importante nesta fase iniciar novo grupo de amizade, novas atividades sociais devem ser implementadas.
FASE VI – 90 dias de abstinência
O dependente químico começa a ficar com excesso de confiança, achando que seu problema está resolvido então:
- Faz mau uso do dinheiro.
- Começa a viajar sozinho, não se importando com os perigos que corre praticando os mesmos comportamentos.
FASE VII – 180 dias de abstinência
A busca de qualidade de vida e a necessidade de promover mudanças levam o dependente quimíco a ter dificuldade de lidar com situações afetivas ligadas a:
- Mudanças na maneira de se portar perante outras pessoas.
- Conquistas de trabalho, namoro e estudo.
- Firmar compromissos.
FASE VIII – 1 ano e 6 meses de abstinência
As mudanças até essa fase levam a busca de autonomia e independência. O maior risco que ocorre é o medo de não ser capaz de assumir as responsabilidades conquistadas:
- Grande dificuldade de lidar com fracassos e sucessos.
- Começa a cumprir o que diz e a realizar tarefas e a assumir compromissos.
- Medo de fracasso (mudanças de emprego, relacionamentos, etc)
- Busca estudar, se aperfeiçoar e procura evoluir como ser humano e cidadão.
Fonte: Dra. Cleuza Canan
Leonardo M. Delai
FASE I – 7 dias de abstinência
Iniciam-se os sintomas desagradáveis da desintoxicação física, podendo causar:
- Irritabilidade
- Confusão mental
- Agitação
- Sonhos
FASE II – 14 dias de abstinência
As reações da dexintoxicação psíquica causam excesso de confiança com sintomas de:
- Desejo de arriscar-se
- Querer encontrar-se com os amigos da ativa
- Frequentar os mesmo lugares de uso de drogas
- Querer fazer o tratamento sozinho, sem ajuda profissional.
FASE III – 21 dias de abstinência
A falta da droga produz crises depressivas e saudades dos momentos de uso com lembrança de prazer:
- Do efeito da droga
- Dos momentos com pessoas
- Lugares onde se usava drogas
- Da rotina do uso.
FASE IV – 36 dias de abstinência
É a fase em que o dependente começa a testar seus limites, podendo muitas vezes ocasionar:
- Lapsos.
- Comportamentos semelhantes aos da ativa, que na maioria das vezes levam o dependente químico a retornar o uso.
FASE V – 60 dias de abstinência
- O dependente quimíco começa a ter rotina. Isso é interpretado como monotonia e que seus esforços não estão sendo reconhecidos, provocando uma sensação desagradável e pensamentos que nada mudou.
- É importante nesta fase iniciar novo grupo de amizade, novas atividades sociais devem ser implementadas.
FASE VI – 90 dias de abstinência
O dependente químico começa a ficar com excesso de confiança, achando que seu problema está resolvido então:
- Faz mau uso do dinheiro.
- Começa a viajar sozinho, não se importando com os perigos que corre praticando os mesmos comportamentos.
FASE VII – 180 dias de abstinência
A busca de qualidade de vida e a necessidade de promover mudanças levam o dependente quimíco a ter dificuldade de lidar com situações afetivas ligadas a:
- Mudanças na maneira de se portar perante outras pessoas.
- Conquistas de trabalho, namoro e estudo.
- Firmar compromissos.
FASE VIII – 1 ano e 6 meses de abstinência
As mudanças até essa fase levam a busca de autonomia e independência. O maior risco que ocorre é o medo de não ser capaz de assumir as responsabilidades conquistadas:
- Grande dificuldade de lidar com fracassos e sucessos.
- Começa a cumprir o que diz e a realizar tarefas e a assumir compromissos.
- Medo de fracasso (mudanças de emprego, relacionamentos, etc)
- Busca estudar, se aperfeiçoar e procura evoluir como ser humano e cidadão.
Fonte: Dra. Cleuza Canan
Leonardo M. Delai
Marcadores:
dependência química,
fissura,
períodos críticos
07 janeiro, 2011
Remédio para largar o cigarro induz ao suicídio, dizem usuários
Fabricante do Champix se defende e diz que não há comprovação do problema
O laboratório farmacêutico Pfizer enfrenta nos Estados Unidos centenas de ações na Justiça de usuários do Champix, remédio usado para abandonar o cigarro. A acusação é de que o medicamento provocaria depressão e tendência suicida.
Em comunicado, a Pfizer diz que apenas quando o produto já estava no mercado é que “houve relatos de possíveis alterações psiquiátricas, agitação e pensamentos suicidas em pacientes tentando parar de fumar com o medicamento”.
A empresa diz que não há comprovação entre a relação do uso do Champix e esses problemas, mas, mesmo assim, incluiu alertas sobre o assunto na bula do remédio.
– O abandono do cigarro, com medicamento ou não, pode implicar a ocorrência dos sintomas típicos da síndrome da abstinência, que muitas vezes se confundem com os eventos adversos de medicamentos utilizados para essa finalidade.
Um juiz federal do Estado de Alabama analisa o grande número de ações contra a Pfizer apresentadas por familiares de usuários ou antigos adeptos do Champix. A vareniclina, base do medicamento, é autorizada em mais de 80 países, incluindo Estados Unidos, Brasil e na União Europeia.
O promotor Ernest Cory acusou a Pfizer de negligência por lançar o Champix no mercado americano em 2006, baseado em queixas de usuários sobre "problemas neuropsicológicos", incluindo "suicídios, tentativas de suicídio, desmaios e crises de depressão".
Fonte : R7.com
O laboratório farmacêutico Pfizer enfrenta nos Estados Unidos centenas de ações na Justiça de usuários do Champix, remédio usado para abandonar o cigarro. A acusação é de que o medicamento provocaria depressão e tendência suicida.
Em comunicado, a Pfizer diz que apenas quando o produto já estava no mercado é que “houve relatos de possíveis alterações psiquiátricas, agitação e pensamentos suicidas em pacientes tentando parar de fumar com o medicamento”.
A empresa diz que não há comprovação entre a relação do uso do Champix e esses problemas, mas, mesmo assim, incluiu alertas sobre o assunto na bula do remédio.
– O abandono do cigarro, com medicamento ou não, pode implicar a ocorrência dos sintomas típicos da síndrome da abstinência, que muitas vezes se confundem com os eventos adversos de medicamentos utilizados para essa finalidade.
Um juiz federal do Estado de Alabama analisa o grande número de ações contra a Pfizer apresentadas por familiares de usuários ou antigos adeptos do Champix. A vareniclina, base do medicamento, é autorizada em mais de 80 países, incluindo Estados Unidos, Brasil e na União Europeia.
O promotor Ernest Cory acusou a Pfizer de negligência por lançar o Champix no mercado americano em 2006, baseado em queixas de usuários sobre "problemas neuropsicológicos", incluindo "suicídios, tentativas de suicídio, desmaios e crises de depressão".
Fonte : R7.com
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